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Vida

A palavra “vida” vem do latim vita. Neste idioma, ela tinha exatamente o mesmo significado que a palavra em português. Essa etimologia parece óbvia demais, não é? Também acho. Mas olha, em contrapartida, a procedência do equivalente em inglês life é bastante interessante: sua origem se encontra, ao extremo, no radical proto-indo-europeu (um idioma apenas teórico que seria o ancestral da maioria das línguas ocidentais, incluindo o latim e o grego) “lip-”, que significa “permanecer, continuar”.



Curioso é que, apesar de parecer contradirório, esse radical também dá origem à palavra leave, que significa em inglês “deixar, abandonar”. Há, então, no inglês, uma certa relação entre o substantivo “vida” e o verbo “abandonar”.

E, parando pra pensar, não é apenas no inglês que essa relação existe. A vida eterna, que vem de Deus, também está relacionada com algum abandono: o abandono da velha natureza. Ora, parece bem claro: se desejamos uma nova natureza, então devemos abandonar a nossa atual natureza.

E qual é essa velha natureza? É a natureza da carne, do pecado, que está afastada de Deus. Jesus disse: "o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito" (Jo 3:6). Espírito não é carne. Portanto, nascer do espírito implica em deixar de ser carne -- ou seja, abandonar a nossa natureza carnal. Como está escrito em Isaías, "deixe [abandone] o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se ao nosso Deus, porque é rico em perdoar" (55:7).

Mas como abrir mão da nossa natureza pecaminosa? Só há um jeito: crendo. Para abandonar a carne e ter a vida, devemos, e tão somente devemos, crer (Jo 3:15-18, 36; 6:47). Basta acreditar em Cristo e seu sacrifício que a nova natureza nos é dada de presente, por graça, e a partir daí passamos a gozar da verdadeira vida -- a vida eterna.

Mas as coisas não param por aí. Ainda após nascermos do espírito, as Escrituras não nos poupam do verbo "abandonar". Não é possível conciliar as virtudes do Espírito com as malícias da carne, originárias daquela nossa velha natureza. O apóstolo João fala que “se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1-6-7).

Paulo fala aos gálatas que “vós não podeis pertencer a Cristo a não ser que crucificais todas as suas paixões e desejos” (5:24). Observe que o verbo CRUCIFICAIS poderia muito bem ser trocado por ABANDONAIS. Uma passagem de Colossenses deixa muito clara essa ordenança de, ainda após a obtenção da Nova Vida, abrir mão das práticas relativas à velha natureza:

"Fazei, pois, morrer [em outras palavras, abandoneis] a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus. Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena de vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Cl 3:5-10).

Desobedecer essa ordem de "abandonar" pode ser muito lesivo ao nosso galardão. Será que temos feito isso? Deus nos deu a Vida Eterna de presente, por graça; e nós, temos observado a sua Palavra? Será que temos abandonado os costumes do "velho eu"? Na pior das hipóteses, se você ainda não realizou o primeiro "abandono", que tal fazê-lo agora? O que acha de ter uma nova natureza e ganhar a verdadeira vida de presente? Cabe a você fazer a decisão.